terça-feira, 25 de maio de 2010

Qual a vantagem da garrafa plástica de origem vegetal?

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A nova garrafa da Coca-Cola não tem diferença em seu desenho, cor ou logotipo. Mas um selo no rótulo indica que ela é mais ecológica. Parte da composição do PET, um composto chamado Monoetilenoglicol (meg), tem origem no bagaço da cana-de-açúcar. Ao invés da nafta, que vem do refino do petróleo, sua produção parte do etanol. Antes de chegar ao Brasil, a PlantBottle, como foi patenteada pela empresa, já era vendida nos Estados Unidos, Canadá, Japão e Dinamarca. Todas são feitas com o álcool brasileiro.

Mesmo que o meg de origem renovável represente apenas 30% do total do plástico, a promessa é de economia significativa. A empresa afirma que a produção desta garrafa (que passa pela Índia e Indonésia ) emite 20% a menos de CO2 do que a de uma PET de origem fóssil. A grande diferença está na captura do gás nas plantações de cana, no lugar da extração e refino do petróleo. Ela deve ser tamanha, que compensa seus gastos energéticos de transporte e desenvolvimento. “Deve” porque os números das emissões que comprovam a economia não são divulgados. Procurada por ÉPOCA, a empresa diz que se baseia em análises técnicas prévias e que está no processo de confirmá-las para publicar a pegada de carbono da garrafa. Por enquanto, diz que se trata de um segredo industrial que não deve ser revelado aos concorrentes.

Divulgar as emissões é como se entregar à concorrência? A tendência mundial indica para o caminho oposto: cada vez mais as empresas abrem seus números, e a concorrência vai atrás da transparência. De qualquer modo, a iniciativa da Coca-Cola é positiva e pioneira (para a produção de PET). Mas ao invés de fazer propaganda baseando-se em análises não confirmadas, a empresa poderia dar a informação por completo.

Matéria retirada Blog do Planeta - EPOCA.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

SIGNOS

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O universo dos signos abrange as inumeráveis "coisas representativas de outras coisas": estímulos e saberes que nos chegam via percepção e que passamos a conhecer e sobretudo reconhecer relacionar através da memória e dos raciocínios associativos. Sem signos não há um saber consciente de coisa alguma. O pensador da semiótica, Charles Sanders Peirce, escreveu que o próprio homem é um signo, pois somente tem consciência de si mesmo, quando se reconhece como tal, pela simples experiência de ser e saber que é homem implicando este fato em discernir o "não ser" planta, pedra ou outro animal. É na dimensão da consciência e do pensamento reflexivo que o homem se reconhece como homem:

(...) que entendemos nós por real ? (...) realidade sem representação não possui relação nem qualidade. (...) não há elemento na consciência que não possuaalgo correspondente na palavra (...) Se cada pensamento é um signo e a vida é uma corrente de pensamento, o homem é um signo (...) porque o homem é o pensamento. É difícil para o homem entender isto, pois persiste em identificar-se com a vontade, com seu poder sobre o organismo animal, a força bruta. Ora, o organismo é tão-somente um instrumento do pensamento. (PEIRCE, 1980 - p. 81/82)

Diante da diversidade de signos, os estudiosos buscam uma forma de agrupá-los em tipos característicos. Geralmente são classificados de acordo com a maneira pela qual "funcionam", ou seja, pela forma se alcança um entendimento através dos signos, quando estamos diante deles, em plena semiose. A classificação mais simples e largamente utilizada foi concebida por Peirce que distingue três espécies de signos aos quais correspondem três diferentes modos de semiose. São signos: os símbolos, os ícones e os índices ou indícios.

PEIRCE E TIPOS DE SIGNO

SÍMBOLOS

Não apresentam similaridade com seu objeto - a coisa representada. Representa independente de ligação fatual com o objeto, ligações tipo causa/conseqüência. É uma convenção típica. Seu exemplo clássico: letras, palavras, são símbolos. Também são símbolos figuras, objetos, gestos, quando remetem a uma idéia ou a uma significação que não tem, necessariamente, qualquer semelhança objetiva com o aquilo que simbolizam, tal como a cruz simbolizando o Cristo, os dedos em V para dizer "paz e amor" ou o polegar erguido ou ainda a bandeira branca, indicando Paz ou as vestes negras ou brancas indicando luto.

Estamos acostumados com esses significados mas não podemos negar que são meras convenções consagradas pelo uso em determinadas culturas.

ÍCONES

Aqui não existe distinção entre o representante e o objeto - o representado. O ícone representa o que representa, seja como for, pelo fato de ser como é. Representa por característica própria que possui, mesmo que seu objeto não exista. As imagens em geral, são ícones. A imagem da lixeira, na área de trabalho do seu computador, representa a lixeira porque é de fato, a figura de uma lixeira tal como nos é possível reconhecê-la.

ÍNDICES

Indícios. São indicativos. Representam algo que não está presente e esta representação decorre de uma relação de causalidade. Todas as sugestões são índices. Pegadas na lama: alguém passou por aqui. Diz o poeta: " ... sua alma subiu ao céu, seu corpo desceu ao mar... " , entende-se, ela morreu se atirando ao mar (Ismália, de Alphonsus Guimarães).

O que complica é que o caráter do signo não é uno e nem fixo. Um mesmo signo pode ser de caráter simbólico, icônico e indicial. Com predominância desse ou daquele caráter. Por isso, os significados são como imagens caleidoscópicas. Mudam, de acordo com a situação ou a circunstância de ocorrência da semiose. Nas circunstâncias particulares de cada ocorrência do fenômeno entendimento.

Exemplo:

Balança - Dependendo das circunstâncias balança pode assumir diferentes significados. É símbolo da justiça, é ícone balança representando a si mesma, indício de local de pesagem de alimentos num supermercado; indício outra vez, se a polícia encontra uma certa balança, em casa de certo suspeito, pode significar tráfico de drogas; ou pode ser apenas um instrumento que me informa: tal homem, residente nessa casa é um químico.

Nas palavras de Peirce:
O representamen (...) divide-se por tricotomia em signo geral ou símbolo, índice e ícone. O Icone é um representamen que preenche essa função em virtude de característica própria que possui, mesmo que seu objeto não exista. Assim, a estátua de um centauro (...) representa um centauro (...) exista ou não o centauro. (...) Índice é representamen em virtude em virtude de uma característica que deve à existência de seu objeto, e que continuará tendo quer seja interpretado como representamen ou não. Por exemplo, um antiquado higrômetro é um índice. (...) Símbolo é um representamen que preenche sua função sem qualquer similaridade ou analogia com seu objeto e é igualmente independente de qualquer ligação factual, símbolo unicamente por ser interpretado como reresentamen. Por exemplo, uma palavra genérica, uma sentença, um livro. (PEIRCE, 1980 - p. 28)

GÊNESE DOS SIGNOS

Nascem os signos de associações provocadas por experiências repetidas, espontâneas ou voluntárias. As experiências são contatos e reações. Os signos são os representantes do conhecimento resultante de contatos e reações. O contato é o estímulo à sensação-percepção.

Reação é a ato ou pensamento decorrente do impacto do percebido. O signo é o representante do conhecimento assim adquirido. Partindo de associações, reconhecemos objetos, as coisas - e também os indícios de coisas. As representações, continuamente usadas na linguagem e no entendimento pessoal, tornam-se convenções - símbolos e assim temos as três modalidades de signo que os estudiosos distinguem: ícones, índices e símbolos.

Nascem os signos nas terceira instância do ser da consciência. A consciência inerte em indiferença sofre estímulo - contato, esse é o momento-instância, de tomada de consciência, que Peirce denomina PRIMEIRIDADE. Eis que reage, processa, registra, compara, recorda... É a REAÇÃO, segunda instância da consciência, a SEGUNDIDADE. Enfim, há um conhecimento resultante, é a REPRESENTAÇÃO, terceira instância de um ser e estar da consciência, TERCEIRIDADE, primeira manifestação do que podemos já considerar como um signo e é através dele que agarramos o conhecimento e dele tomamos posse. E tomar posse do signo é algo como tomar posse da realidade, é um possuir pelo saber.



Biografia:

ECO, Umberto. Semiótica e filosofia da linguagem. Instituto Piaget, 1984.
PEIRCE, Charles Sanders. Terceiridade degenerada. In Conferências sobre o Pragmatismo. As categorias (continuação), § 1. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (col. Os Pensadores).

Fonte: ligiacabus.sites.uol.com.br
 
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