terça-feira, 29 de setembro de 2009

Minimalismo

A tendência à arte minimalista desenvolveu-se nos EUA durante os anos 50 e só usava as formas geométricas mais simples. O caráter impessoal desse gênero é visto como reação à emotividade do expressionismo abstrato.

Se o expressionismo abstrato dominava as décadas de 1940 e 1950, o minimalismo era fenômeno dos anos 60. surgiu da arte contida e espartana de expressionistas abstratos como Mark Rothko e Barnett Newman. Conceito amplo, o minimalismo alude ou à redução da variedade visual numa imagem, ou ao nível de esforço artístico necessário para produzir tal redução. A conseqüência é uma forma de arte mais pura e livre de mistura que quaisquer outras, despojada de referências não essenciais e incontaminada pela subjetividade.

Pode-se dizer que Ad Reinhardt (1913 – 1967) foi o minimalista por excelência. Começou pela all-over painting nos anos 40, mas na década seguinte amadureceu para o que julgou serem suas telas “definitivas”: obras de cores plenas que se atinham severamente ao mínimo.

Reinhardt escureceu a paleta e eliminou a tal ponto o contraste entre cores adjacentes que, após 1955, sua arte restringiu-se a sutilíssimas variações de preto intenso e de tons quase pretos. Professor inspirador e teórico franco, acreditava ardorosamente em reduzir a arte à forma mais pura e, por extensão, ao estado espiritual mais puro. Na grande e luminosa extensão de Abstract painting number 5 (Pintura abstrata número 5), nessa superfície uniforme, intensa e negro-azulada, a mão do artista faz-se propositalmente invisível.
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Conseguimos discernir os tênues contornos de uma cruz que surge quase como se Reinhardt não a houvesse pintado. Não é uma cruz cristã; caso se trate mesmo de uma imagem religiosa, ela o será no sentido mais amplo possível, com uma vertical infinita e uma horizontal também infinita – as insondáveis dimensões do espírito humano.

Frank Stella tornou-se figura fundamental na arte americana dos anos 60. em 1959, produziu uma série de controvertidas pinturas para a mostra “Dezesseis americanos” do Museum of Modern Art, em Nova York. As obras que expôs eram todas all-over paintings cortadas por tiras de tela intocada, criando padrões geométricos severos. Stella eliminou conscientemente a cor, usando tinta preta e depois cinza-metálica para, assim, reduzir a idéia de ilusão; até mesmo seu procedimento de pintura ficou sistemático e minimalista. A arte de Stella não leva em consideração os limites retangulares das telas tradicionais, fazendo-nos lembrar que, não importa quais conotações suas pinturas possam evocar, elas continuam a ser essencialmente objetos coloridos. Six Mile bottom (O fundo do lago Six Mile), muitas vezes considerada apenas um motivo decorativo, é uma obra muitíssimo bem-sucedida, e poderíamos dizer que ela pressupõe existir uma ordem central nos assuntos terrenos.


A aridez geométrica dessa fase teve bastante influência, mas Stella tornou-se um artista tão vivaz, profuso e desafiante, que ficamos admirados com a nobre pureza de seus primeiros trabalhos. Será que em 1959 a explosiva alegria do pintor ainda não fora descoberta? Ou ela se ocultava na singular rigidez de Six Mile bottom?

Nunca existirá consenso universal a respeito dos pintores contemporâneos, mas há alguns nomes que tem inequívoca grandeza. Agnes Martin, canadense naturalizada americana, é um desses nomes. Untitled number 3 (Sem título numero 3) é simplesmente um quadrado de 183 centímetros onde uma borda quase desprovida de cor encerra grandes faixas. No centro, jaz um rosa claríssimo, ladeado por dois retângulos de azul ou roxo pálido. A brandura e delicada serenidade dessa obra expõe-se diante de nossos olhos sem que nada pareça acontecer. Mas é preciso ficarmos com Agnes Martin, como se perscrutássemos as águas de um lago, até que a pintura desabroche e floresça.

Em Dorothea Rockburne, há muito mais para aprender e reter. É uma artista muitíssimo intelectual, que frequentemente se inspira nos mestres anteriores ao século XIX, e combina vigorosa austeridade a grande percepção lírica. Algumas de suas obras mais maravilhosas foram executadas com óleo e com folheado de ouro (tal como faziam os iluminadores medievais) sobre linho preparado com gesso de maneira tradicional.


Em Capernaum Gate (Portão de Cafarnaum), com esses recursos simples, ela dobra, desdobra e cria majestade geométrica, usando o máximo esplendor dos tons saturados e fazendo-nos ver em sua obra algo de sacro e irônico.

Fonte: www.portalartes.com.br
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