sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Moda com sustentabilidade ambiental

O vestuário de moda é um produto efêmero, está associado ao consumismo. O sistema da moda assim se configurou a partir da Revolução Industrial. Ou seja, está na contramão do desenvolvimento sustentável e do consumo consciente. Para o vestuário, a cada estação se propõe novos produtos, com modelagens, cores e tecidos diferentes.

Há um grande apelo para que o consumidor se mantenha na “moda”, substituindo as roupas que ainda estão em bom estado, por novos modelos, desenvolvido de acordo com as tendências apresentadas pelos grandes birôs de estilo, e pelas feiras internacionais de moda. É tão rápida a relação entre consumidor e roupa, que não há tempo para a roupa carregar a memória da pessoa que a veste. A roupa, enquanto vestuário de moda, não passa de mera mercadoria rapidamente descartável. Atribui-se muito valor a mercadoria, mas não ao objeto em si, a roupa. Assim, ela é trocada quando são lançadas as novas tendências e, muitas vezes, se paga caro pela novidade, não pela roupa em si.

Uma dicotomia se estabelece ao se falar em sustentabilidade ambiental na moda. O produto de moda é efêmero, símbolo do consumismo e para a sustentabilidade ambiental é preciso um consumo consciente de produtos devem ser desenvolvidas para um ciclo de vida mais longo, ou serem substituídos por serviços.

Projetar um produto de moda, considerando os princípios da sustentabilidade ambiental, economicamente viáveis, socialmente e ambientalmente corretos, requer muita criatividade.

Se o desejo é o motor do desenvolvimento sustentável, a criatividade é seu combustível: é a criatividade que dará o impulso ao empreendedor para imaginar um produto ou serviço mais (satisfação às necessidades) com menos (recursos e trabalho). É a criatividade que vai inspirar o político ou o legislador a conceber as mais adequadas e flexíveis estruturas. É a criatividade que vai permitir ao pesquisador encontras soluções elegantes para problemas cada vez mais complexos. E finalmente, é a criatividade que vai dar vontade ao consumidor, ao eleitor, ao investidor de escolher um desenvolvimento que se tenha mais sentido.

Mudar o consumo faz parte das alternativas em que pensa e trabalha o ecodesign, isto é, a integração do desenvolvimento sustentável na concepção dos bens e serviços, é também um eixo de ação que foi retomado pelos participantes da Reunião da Cúpula sobre desenvolvimento sustentável, realizada em agosto de 2002, em Johannesburgo. Esse desafio planetário exige uma evolução maior: a passagem progressiva de uma sociedade de consumo, para uma sociedade de uso. Grande parte dos bens materiais deve ser concebida de outra forma, passar do produto ao serviço implica na redefinição dos objetos.

A redefinição dos objetos, a substituição do consumo pelo uso do produto, a ética na relação dos humanos com a natureza, é um novo cenário que se estabeleceu e requer muita pesquisa, investimentos e mudanças de valor.

Um impulso dado hoje pode trazer resultados concretos no prazo de dois a cinco anos, mostrando, assim, que não é necessário esperar a próxima revolução tecnológica “limpa” em um hipotético futuro. Nossa sociedade precisa das um enorme salto criativo: isso deverá acontecer por meio dos objetos concebidos para tecer um novo vínculo do homem e a natureza.


Na verdade, segundo alerta não passa de um exagero, sensacionalismo dos ambientalistas. Contudo, já é possível observar nas mudanças climáticas, na extinção de diversas espécies de animais e plantas, nas pandemias, entre outros, que o ser humano precisa rever sua relação com a outra, por caminhos traumáticos ou, uma transição por escolha.

Praticar a sustentabilidade ambiental significa cuidar das coisas. Do menor de todos os produtos, até o planeta inteiro e vice-versa. Como podemos imaginar a transição para a sustentabilidade? Por caminhos traumáticos, uma transição forçada por defeitos catastróficos, que de fato obrigam a uma reorganização do sistema, a mais indolores , uma transição por escolha, isto é, como efeitos de mudanças culturais, econômicas e políticas voluntárias que reorientem as atividades de produção e consumo.


Diante desse contexto, como conciliar a moda com o desenvolvimento sustentável se “os indivíduos atomizados, absorvidos consigo mesmos, estão pouco dispostos a considerar o interesse geral, a renunciar aos privilégios adquiridos; a construção do futuro tende a ser sacrificada às satisfações das categorias e dos indivíduos do presente”. Indubitavelmente se está diante de um grande desafio, tanto para a moda, quanto para a sociedade humana inteira.

Se as mudanças na moda dependem da cultura estabelecida e dos ideais sociais que a compõe, é complexo pensar a moda inserida no contexto do desenvolvimento sustentável.

Fonte: MIG - Revista científica de Design.
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