sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Metodologia, métodos e técnicas para o desenvolvimento de produtos - definição

Para o desenvolvimento de produtos, há uma vasta quantidade de métodos e técnicas que visam resolver os problemas e questões que envolvem o entorno material dos produtos existentes e em desenvolvimento, mas não se pode dizer que há um método ou técnica únicos que atendam a todas as situações possíveis. Cada designer se identifica com um método e/ou técnica específica e cada desenvolvimento projetual requer uma situação diferente.

Cada produto de design é resultado de um processo de desenvolvimento determinado por condições e decisões. Desse modo, a metodologia projetual não tem o objetivo de estabelecer um único método de design e nem tão pouco deve ser confundida com receita de bolo, que quando seguida, proporciona um resultado previamente estabelecido.

Antes de mais nada é importante fixar na memória a diferença entre metodologia, método de desenvolvimento de projeto e técnica de desenvolvimento de projeto.

Metodologia é o estudo dos métodos, técnicas e ferramentas e de suas aplicações à definição, organização e solução de problemas teóricos e práticos (BOMFIM, 1995).

Pode-se dizer que método projetual é o processo o qual o designer faz uso para chegar a uma solução, considerando todas as características e processos pelos quais um produto deverá passar para atender satisfatoriamente às funções pré determinadas.

Técnicas de desenvolvimento projetual são itens utilizados segundo a necessidade e/ou conveniência do designer para auxiliar no processo de desenvolvimento do projeto.

De modo geral, dando mais ênfase a uma etapa ou outra, ou ainda alterando-se a ordem e nomenclatura, os métodos apresentam uma estrutura similar:

Problema: identificação e definição de uma necessidade/oportunidade de projeto.

Levantamento de dados: coleta de informações teóricas e de mercado e subsequente análise.

Geração de alternativas: definição de conceitos (em geral, muitos).

Seleção de alternativas: análise, seleção e teste da melhor alternativa.

Desenvolvimento do produto: produção.

Antes de apresentar alguns métodos e técnicas, é importante expor mais algumas considerações sobre métodos:


Métodos servem para auxiliar no desenvolvimento de produtos, aumentando as chances de obter êxito.

Não é possível utilizar um método padronizado de planejamento de produto para todos os casos.

Métodos podem ser mesclados e até reinventados (com muito critério) de acordo com a necessidade do projeto e/ou equipe de desenvolvimento.

Quanto mais dispendioso o desenvolvimento do produto, mais detalhado deve ser seu planejamento, para justificar o investimento.

Empresas podem investir desde centenas até bilhões em projetos, e de acordo com o investimento, deve ser seu planejamento.

A partir de agora, serão apresentados três de vários métodos utilizados pelos principais autores da área do design e principais técnicas que compõem esse processo.


Método de Löbach


Análise do problema:

Análise da necessidade

Análise da relação social homem-produto
Análise da relação produto-ambiente
Desenvolvimento histórico
Análise do mercado
Análise da função
Análise estrutural
Análise da configuração (funções estéticas)
Análise de materiais e processos de fabricação
Patentes, legislação e normas
Análise de sistema de produtos
Distribuição, montagem, serviço a clientes, manutenção
Descrição das características do novo produto
Exigências para com o novo produto

Definição do problema e dos objetos

Alternativas de design:
Conceitos do design
Alternativas de solução
Esboços de idéias, modelos

Avaliação das alternativas de design:
Escolha da melhor solução
Incorporação das características ao novo produto

Solução de design:
Projeto mecânico
Projeto estrutural
Configuração dos detalhes (raios, elementos de manejo, etc.)
Desenvolvimento de modelos
Desenhos técnicos, desenhos de representação
Documentação do projeto, relatórios.


Bruno Munari


DP - DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: Nessa definição, encontram-se os objetivos do material. Se é material textual, a definição de público alvo delimita o aprofundamento teórico metodológico do mesmo, bem como a seleção de autores para leituras de apoio.

Em geral, ao chegar a esta parte, depois das definições do problema, tem-se a "idéia". E pode mesmo parecer que o problema está resolvido... Mas a "idéia" não pode ser considerada como solução.


Uma idéia pode surgir e ser depois substituída por outra, e outra e mais outra ao longo do desenvolvimento do projeto.


É certo que as idéias ajudam ao desenvolvimento, mas sozinhas não resolvem a questão.


CP - COMPONENTES DO PROBLEMA: Qualquer que seja o problema a identificação dos componentes do problema simplifica a resolução deles.


Separar em "áreas" específicas cada um dos itens pode ser uma boa forma de agir.


Conteúdo, público alvo, objetivo, metodologia, atividades, avaliação, aspectos ergonômicos de utilização como adequação de linguagem, repertório interpretativo e comunicação visual - adequação de cores, tipologia, etc., são alguns dos aspectos que devem ser levados em consideração nessa etapa do desenvolvimento do projeto.


Dividir em categorias específicas ajuda a orientar uma ação mais efetiva a cada ponto, no cumprimento dos objetivo.


CD - COLETA DE DADOS:
Depois de identificarmos os componentes do nosso problema e os subdividirmos em sub problemas, iniciamos a fase de coleta de dados.


Colher dados significa procurar conhecer cada parte do todo de um projeto, separadamente.


Por exemplo, pode-se fazer uma pesquisa de materiais já desenvolvidos para em outros suportes, quais as características deles. Conhecer os materiais não significa tomar como exemplos, mas sim, saber o que já foi feito e daí, procurar conhecer o que efetivamente dá ou não resultados. Com isso, corre-se menos risco de errar.


Pode-se procurar conhecer a maioria dos recursos do suporte que estamos trabalhando, como linguagens, tecnologias, etc.


AD - ANÁLISE DE DADOS: Depois de se colherem os dados devem-se analisá-los. Então, a análise mostra o que se deve ou não fazer, usar, aproveitar, enfim, é a análise dos dados que permite estabelecer o passo seguinte: Criatividade.


C – CRIATIVIDADE: Como se pode observar no diagrama, a IDEIA dá agora lugar a um novo conceito: a criatividade.


É o conceito de criatividade, ao contrário do de idéia que ocupa, assim, a seqüência de passos no desenvolvimento de materiais para .


Enquanto IDEIA somente está relacionada ao "fantástico" a fantasia, o sonho, a criatividade processa-se de acordo com um método definido e mantém-se nos limites impostos pela análise dos dados colhidos.


Criatividade, bem aplicada, e dentro do programa de objetivos traçados e definidos pelos passos anteriores do processo de desenvolvimento pode agregar valores diferenciais a um projeto.


MT - MATERIAIS E TECNOLOGIAS: A fase chamada de Materiais e Tecnologias pode, a princípio, parecer uma repetição da fase de coleta de dados, o que não é verdade.


A coleta de dados pode até mostrar possibilidades, é uma fase de conhecimento das opções inclusive de materiais e tecnologias, mas é somente depois da aplicação da criatividade que se efetivam escolhas definitivas tanto em materiais como em relação as tecnologias mais adequadas aos objetivos projetos.


Escolher tecnologias e recursos só porque "estão na moda", pode ser um erro grave.


E – EXPERIMENTAÇÃO: É nesta fase que começamos a "testar" o material.

É na experimentação que se conseguem solucionar problemas que antes pareciam insolúveis.
Na experimentação pode-se aplicar um conceito de uma área pouco explorada, como forma de otimizar resultados.
A área artística se utiliza mais de experimentações que a maioria das outras áreas, porém, se respeitados limites de "bom senso", a experimentação pode trazer grandes progressos.
A fase de experimentação vem, claramente, antes do modelo final de projeto, no sentido de permitir testagem de materiais, tecnologias e métodos para melhor atingir objetivos.
Não visa substituir o que já foi feito, nem tem a pretensão de inovar sempre, mas sim de certificar que as escolhas tenham sido feitas levando-se em conta todas as possibilidades e tenha-se optado pelos mais adequados.
Não é uma fase imprescindível ao projeto, mas é bastante interessante se fazer experimentações criativas. Pode-se obter resultados além dos esperados com a utilização dita "normal" dos meios e ferramentas.

M – MODELO: Chega-se, enfim, ao modelo.


Depois de todas as fases anteriores tem-se agora, um modelo pronto.


Um modelo é algo que sintetiza as idéias em relação a um objetivo.


Até esta fase, não fez nada que se assemelhe a uma "solução" efetiva, mas temos dados suficientes para afirmar que as hipóteses de erros estão bem mais reduzidas.


Podemos, agora, estabelecer as relações entre os dados recolhidos, agrupar os subproblemas e efetivar a construção dos esboços para a elaboração do modelo que pretendemos aplicar como solução efetiva ao nosso problema inicial.


Ao procedermos a redação, montagem do modelo, temos a segurança de estarmos trabalhando com dados testados, de resultados comprovados ou, no mínimo, objetivos efetivamente atingidos.


Os modelos demonstram as possibilidades reais de uso de materiais, técnicas e metodologias.


São, portanto, o resultado de um trabalho consistente de elaboração.


Passaremos a seguir, para as fases finais: verificação, retificação, correções e, por fim, a SOLUÇÃO, que é a elaboração adequada do material para os objetivos esperados.


V – VERIFICAÇÃO: A fase de verificação de um projeto se torna necessária pela a necessidade de comprovação de eficiência de um material desenvolvido antes da efetiva aplicação.


É na verificação que se observam as falhas, caso existam, e se corrigem as mesmas.


Pode também, haver possibilidade de existência de dois ou mais modelos e é na verificação que se decide por este ou aquele, depois de testados os funcionamentos.


Apresenta-se o modelo a certo número de possíveis usuários, e pede-se que dêem seu parecer sobre o ou os modelos apresentados.


É neste momento também que se "fecham" questões quanto a conteúdos controversos ou a permanência ou não de determinada tecnologia.


Desenho Final

O desenho final é, então, uma síntese de dados levantados ao longo de todo um processo que envolve fases distintas.

Portanto é a obra resultante de diversas áreas agregadas em torno do objectivo principal.



Metodologia de Baxter:


Planejamento do produto

Nas empresas, deve-se considerar o momento da empresa e definir qual produto será desenvolvido para atingir a meta da empresa. É importante descrever a especificação da oportunidade, com questionamentos básicos sobre o projeto, como por exemplo como o mesmo se destacará no mercado, ou o que fará com que as pessoas comprem o produto e assim por diante. Define-se ainda as restrições do projeto e do processo produtivo. Ainda nesta etapa, são realizados a coleta de dados teóricos e de mercado, incluindo abordagem com potenciais usuários/consumidores, e planejamento criterioso do estilo.


Projeto conceitual

Após um criterioso e bem elaborado planejamento e a especificação da oportunidade, inicia-se o projeto conceitual para geração de muitos conceitos. Alguns conceitos são pré-selecionados e analisados segundo alguns critérios, mas não são verificados aqui restrições práticas. Feito isso, faz-se um novo planejamento para próximas etapas, atribuindo tarefas a cada membro da equipe de desenvolvimento e cronograma.

Projeto de configuração

Inicia-se a geração de mais idéias sobre conceitos escolhidos, explorando as formas possíveis de fabricar o produto, considerando aqui todos os elementos e restrições projetuais existentes.

Nessa etapa é comum detectar alternativas do projeto não consideradas anteriormente ou promover alguma alteração técnica envolvendo materiais e processos de fabricação. Isso pode levar ao retrocesso no processo, para se verificar as implicações das alterações com relação ao planejamento inicial. Geralmente o tempo gasto nas revisões de projeto é inferior ao desenvolvimento inicial, uma vez que o caminho já é conhecido. Chegando novamente à configuração do produto, é selecionada a melhor alternativa, podendo ser selecionada por técnicas avançadas de seleção, como a Matriz de Seleção. É realizada uma análise de possíveis falhas ou defeitos, deve ser construído um protótipo e realizam-se testes.


Projeto detalhado

Sendo aprovado, passa-se para o detalhamento, através de desenhos do produto e seus componentes, e a construção de um protótipo experimental. Nessa etapa é definido o detalhamento final dos componentes, montagem do produto, e é possível efetuar testes físicos ou de funcionamento do produto junto aos seus potenciais usuários/consumidores (teste qualitativo).

Projeto para fabricação

Uma vez acertados os detalhes, é confeccionado, em alguns casos, um protótipo de produção onde serão definidos os parâmetros para o processo de produção na indústria. A aprovação desse modelo ou protótipo final encerra o processo de desenvolvimento do produto em questão.

A partir desse ponto, começa-se a produção e o lançamento do produto no mercado.


Fonte: Cristina do Carmo Lucio.


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10 comentários:

moni disse...

Adorei as explicações

carlos disse...

o post é antigo mas foi muito útil pra mim,que sou estudante de design de produto em ubá-minas gerais obrigado coisa linda ^^. se quiser trocar alguma ideia, ta ae o meu e-mail . carlostrigger@hotmail.com. valeu.

Sushi a La Carte, por Fernanda Iervolino disse...

Obrigada! Era tudo o que eu estava precisando saber!

Anônimo disse...

parabéns! :)

Anônimo disse...

bem útil esta materia!

Rodrigo do Val Artes disse...

Muito legal seu blog, você conhece alguma metologia ou indica qual desses mencionados para o desenvolvimento de personagens para jogos?

ROGERIO VILLAR disse...

Existe em algum lugar as referencias? Estou procurando para aprofundar mais no asunto

Luis Carlos Heldt disse...

Parabéns Especial de primeira tchê! Abraço.

Anônimo disse...

aqui não diz os tipos de metodologia projetual.
quem souber que me diga para um trabalho.
obrigado.´
fora isso está espetacular

Lara disse...

excelente1

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